Tinha apenas 28 anos de idade, quando, numa consulta, o médico me perguntou se eu não sentia dores nas costas ou na coluna. Tinha acabado de realizar um exame radiológico, para diagnosticar um problema de saúde que me tinha levado até ali e fiquei a saber também que tinha já problemas ósseos. Embora nessa altura ainda não sentisse dores, o médico alertou-me para a importância de um tratamento urgente, porque a situação era já anormal em relação à minha idade, e que no futuro, provavelmente a partir dos 40 anos, sem um tratamento adequado, iria sofrer muito dos ossos. Nesse momento era impossível fazer o tratamento ósseo, porque a medicação que deveria tomar para o problema que me tinha levado a essa consulta era incompatível com a medicação para os ossos. Entretanto o médico aconselhou-me que deveria começar o tratamento dos ossos, assim que terminasse o primeiro, que seria segundo as suas expectativas, de uns 6 meses.
Foi-me diagnosticada artrose na coluna vertebral, com formação de esteófitos, já visíveis no exame radiológico. Esta é uma doença das articulações que surge na cartilagem, que vai perdendo a sua espessura, deixando partes expostas do osso, que entra em instabilidade, aumentando a massa óssea nessas zonas, produzindo deformações em forma de bico, a que vulgarmente se denominam “bicos de papagaio”.
Apesar das advertências, como não sentia dores e porque sou bastante despreocupada em relação à minha saúde, ao terminar a medicação prescrita, não voltei lá para realizar o referido tratamento necessário. Anos mais tarde, numa outra consulta com o médico de família, referi-me a algumas dores acompanhadas de sensação de ardor, que sentia já a nível de ombros e na parte superior da coluna. Foi apenas necessário um exame de apalpação local, para que o médico detectasse um pequeno desvio na coluna. Por esquecimento, não fiz a esse médico qualquer referência sobre o anterior diagnóstico e também porque ele nem referiu a necessidade de recorrer a um ortopedista, continuei assim sem tratamento específico para os ossos. Entretanto e devido a uma longa pausa na minha actividade laboral, as dores cessaram e assim continuei por uns quantos anos mais, sem dar importância a esse problema.
Foi ainda antes dos 40 anos, um pouco mais cedo do que tinha previsto o médico e poucos anos após o reinício da minha actividade laboral, que recomeçaram os sintomas. As dores começaram então a ser cada vez mais constantes e intensas, não só a nível das costas, mas também das ancas e das pernas. Mesmo assim fui continuando com o trabalho, que muitas das vezes me exigia um grande esforço físico, e que tinha como consequência noites inteiras sem poder dormir, de tantas dores que sentia, fosse qual fosse a posição que adoptasse.
Entretanto, aproveitando um rastreio da osteoporose, realizei há cerca de 5 anos uma densiometria, na que me diagnosticaram uma osteopenia. Acredito que no meu caso, a osteopenia não seja consequência da falta de cálcio, porque desde muito pequena sempre bebi muito leite e ainda hoje o faço, mas que se deve ao facto de ter sido de constituição muito magra, desde criança até mais ou menos aos 30 anos e por isso ter ossos mais finos, porque só um pouco antes dos 40 e talvez pelos distúrbios hormonais da pré-menopausa associado a um aumento do apetite, é que comecei a engordar muito.
Aconselharam-me a fazer uma alimentação equilibrada, com consumo de iogurtes, queijo e bastante de leite, preferentemente os que contêm mais cálcio e vitamina D, melhor adaptados às insuficiências da massa óssea. Alertaram-me ainda para a necessidade de um controlo periódico após a menopausa, pela probabilidade de uma maior perda de massa óssea e também porque existe outro factor de risco, que pode acelerar o processo, e que é o facto de ser fumadora.
É agora o momento de começar a dar mais atenção a este problema de saúde, que até agora praticamente tenho ignorado, porque estou a entrar na menopausa e o risco de evolução da doença é maior. No entanto, e porque há já algum tempo que não executo maiores esforços físicos pela interrupção da minha actividade laboral, as dores são agora muito menos frequentes e de menor intensidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário